quinta-feira, setembro 18, 2008

FERNANDO GABEIRA, O MELHOR CANDIDATO E O PIOR JINGLE.

O Gabeira é de longe nosso melhor candidato, mas o jingle... tsc-tsc-tsc!

Que meus colegas músicos me perdoem, vi vários deles no clip a la Live Aid, mas será possível que nenhum o alertou que o jingle é soturno, sombrio, dark, pra baixo?

Eu não entendo porra nenhuma de marketing eleitoral, mas de música eu entendo alguma coisa e pra mim o jingle do melhor candidato tinha de ser o melhor, pra cima, enérgico, alegre, exultante, não fosse o Rio uma cidade solar e o que eu ouço todo dia no horário gratuito soa como:

"O Rio é de caveira, caveira, caveira".
Uma verdadeira marcha fúnebre.

Ainda dá pra mudar alguma coisa, nem sei se isso influi, mas torço pra que mudem ao menos a melodia.

Ps.: Meu voto é dele, independentemente desse jingle baixo-astral.

quarta-feira, julho 16, 2008

AUDIÇÕES PARA A NOVA FORMAÇÃO DO ZERØ!

Vão começar as audições para a nova combinação do ZERØ. Uma seleção de músicos com mais de 30 anos residentes no Rio de Janeiro para dispor um trio em shows a partir de setembro.

Procuram-se artistas de qualquer sexo, definição ou etnia, com experiência no ramo e que sejam apreciadores do som, familiarizados com o repertório e habituados com essa formação.

Mister: disposição e disponibilidade para ensaios e compromisso com o resultado artístico.

Tabu: mistura de álcool e drogas com trabalho e multiplicação pelos palcos.

Especifique instrumento e nome no campo assunto da mensagem e envie um resumo com sua formação, preferências, trabalhos realizados, links, mp3s e fotos para:
bandazero@gmail.com

segunda-feira, julho 07, 2008

S O C O R R O!!! Em quem vamos confiar?!?!


O balanço da semana, como nas anteriores, nos afronta com mais uma série de atrocidades cometidas por elementos de farda e patente no estado do Rio de Janeiro.

Não bastam os criminosos paisanos? Temos de nos defender também dos que são remunerados pelos nossos impostos para zelar pela nossa paz de espírito, integridade física e ordem urbana?

Revelou-se há pouco que o ex-secretário de segurança e seu patrão chefiavam uma quadrilha no estado do Rio e nada de grave lhes aconteceu, protegidos que são/estão por corporativismo, exceções e prerrogativas especiais. O (mau) exemplo repercute:

Numa hora são soldados que se arvoram em juízes, associam-se a traficantes, julgam, condenam e terceirizam a execução de três rapazes para não “serem desmoralizados”. Quem vai punir? Eles estavam lá totalmente desencaixados da função constitucional, trabalhando como pedreiros num canteiro de obras “sociais” que é fachada de campanha eleitoral autorizada e endossada pelo exército e pelo governo federal.

Em outra, uma família que não se imaginava ameaçada, tem de lidar com o inexplicável desaparecimento de sua filha, pra descobrir depois que a história muito mal contada agora inclui tiros, uma provável ocultação de cadáver e simulação de acidente e, mais uma vez... PMs mal explicados, investigados pelos seus pares.

Depois um PM, “segurança” da prole de uma promotora ameaçada por criminosos (o que se alegou para justificar a “proteção”, mas que não explicou o fato de que essa necessidade de proteção não tenha impedido a prole de freqüentar lugares inseguros), saca sua arma no meio de uma confusão de adolescentes e assassina com um balaço no peito o filho de uma mãe que imaginava seu filho a salvo.

Aí descobrimos que o DETRAN equipa a PM com aparelhos que lhes permite levantar sua ficha no órgão pelo número da chapa do seu veículo. Alguns maus policiais utilizam a facilidade pra te abordar e achacar no trânsito. A operação não deixa traços, o DETRAN não registra quando ou quem solicitou a consulta, nem com qual finalidade. Ou seja, é o estado patrocinando indiretamente, com o fornecimento de informações que nós imaginávamos pessoais, privadas e sigilosas, uma operação de extorsão ao cidadão novamente financiada pelo seu próprio imposto.

Na seqüência, a dramática notícia do desespero do pai de uma criança de 3 anos que está cerebralmente morta, porque teve a esposa e flho identificados "por engano" como criminosos baleados numa perseguição policial na Tijuca.

Socorro! Até quando seremos alvo da lei e dos fora-dela?

Precisamos urgentemente de novos adjetivos. Dramático, desesperado, indignado e outros que expressavam nosso estado de repulsa à barbárie estão banalizados e esvaziados do impacto, comoção e horror que antes provocavam.

Em alguns casos não há o que fazer, bandido é bandido e canalhas existem em todos os extratos sociais e em todas as profissões. Seriam casos de polícia se a mesma não estivesse diretamente comprometida. Mas na maioria dos eventos fica patente o despreparo e destempero dos agentes ditos “da lei”. “Opa! Rolou dúvida ou confusão? Manda bala! Se matar ou aleijar algum trabalhador honesto, criança ou dona de casa inocentes não tem problema, não vai acontecer nada, qualquer um podia ter errado nessa situação”.

Isso daí é responsabilidade nossa, são nossos impostos, é o nosso dinheiro. Se a minha grana farda, arma e põe na rua pra me proteger um camarada que pode me matar por engano a coisa ta feia, muuuito feia e é preciso fazer alguma coisa com urgência.

E como se não bastasse, todo esse estardalhaço sobre a lei seca... A grita dos fabricantes de bebidas, dos donos de bares, das agências de publicidade que gastam uma fortuna pra explicar na TV que não é o álcool que mata, mas convenientemente se esquece de lembrar que a propaganda em paisagens paradisíacas, com mulheres sensuais e artistas famosos e desejados incita e estimula o consumo de bebidas alcóolicas justamente pelos mais influenciáveis, os jovens.

Sem mencionar a hipocrisia de uma parcela da sociedade e seus governantes que elegem quais são os entorpecentes lícitos ou ilícitos. Ou álcool não é estupefaciante? Ou cafeína não é estimulante? Ou a theobromina não é viciante? Ou a sacarose não é energizante?

Sempre houve leis contra assassinos, assaltantes e alcoolizados no volante, mas a exemplo de todas as outras, só atingem os despossuídos. Não condenam ninguém de prestígio, recursos (entre eles bandidos, traficantes e seus associados) e corporação e, se condenam, é por pouco tempo, pra desesperança dos homens de bem.

Nesse país de milhares de leis, apenas uma bastaria, QUE ELAS FOSSEM CUMPRIDAS!

terça-feira, fevereiro 05, 2008

Entrevista concedida ao Blog Nove Letras de Rose Peixer em 14/01/08.

Rose Peixer - Hoje em dia o Google passou a ser a grande fonte de informação para muita gente. É só pesquisar e esperar pelos resultados. Ninguém discute muito se o que aparece ali está certo ou errado. O seu nome, Guilherme Isnard, aparece na enciclopédia livre Wikipédia. As informações que estão ali são confiáveis? Descrevem bem sua trajetória?

G. I. - O perigo da informação sem confirmação existe não só na rede como em qualquer tipo de mídia, o agravante na internet é a velocidade da viagem da informação, o estrago pode ser grande se a intenção for má. Na Wikipédia os textos são meus e fidedignos e eles lá são tão conscienciosos a respeito da autenticidade das informações que o meu verbete está suspenso porque eles não acreditam que fui eu que escrevi, é mole?

Rose Peixer - A banda Zerø foi de certa forma o ponto de partida para a sua carreira musical nos anos 80. Na época a crítica costumava chamar vocês de “românticos exagerados”. Isso incomodava ou vocês gostavam de assumir todo esse romantismo? Qual a relação da banda hoje, mais de 20 anos depois, com a crítica?

G. I. - O ZERØ foi o início da minha carreira de compositor, eu cantava em outra banda antes. O Romantismo estava sim presente nas canções, mas não era só disso que se tratava. O papel do crítico é sempre o de encher o saco de quem produz, dá a ele a impressão de que isso é trabalho. É sempre muito mais fácil criticar o que alguém trabalhou pra construir do que construir alguma coisa. A nossa relação de hoje é a mesma de sempre: Nós produzimos porque somos artistas criativos, corajosos e empreendedores e eles criticam porque não tem nada de mais construtivo pra fazer.

Rose Peixer - Na sua opinião a crítica em 20 linhas pode prejudicar ou destruir um trabalho de 20 anos?

G. I. - Claro que não, a crítica não serve pra nada, não tem poder algum, simplesmente por que ela não tem nenhuma originalidade, só existe a partir do que alguém criou. É apenas a expressão egóica de uma opinião. Quem gosta de determinada coisa vai concordar com o crítico se ele escreve positivamente sobre aquilo, quem não gosta vai se posicionar contra o que ele escreveu. Ou seja, pra quem produz, pra quem aprecia ou pra quem detesta, a opinião do crítico não muda nada. Pode no máximo prejudicar o conceito de algo para os que desconhecem aquele objeto da crítica, mas eu sempre prefiro acreditar que as pessoas preferem ter uma opinião própria sobre as coisas e, caso elas aceitem como verdade absoluta o que outro escreveu sobre o que elas nunca viram/ouviram, certamente não seriam o tipo de fãs que alguém gostaria de ter.

Rose Peixer - Você ficou 5 anos longe dos palcos. Neste período a música fez muita falta na sua vida? O retorno aos shows foi difícil?

G. I. - Por razões extra-musicais fiquei esse tempo todo longe dos palcos, mas não da música. Não parei, por exemplo, de compor. Foi um momento importante que me esclareceu assuntos vitais. Eu descobri que poderia beber de mil fontes diferentes de sobrevivência, mas ao mesmo tempo, realizei que apenas encontrei mil maneiras de ser infeliz. Afastar-me me deu a certeza do que eu preciso pra me sentir realizado. Voltar a cantar foi a conseqüência natural dessa revelação.

Rose Peixer - No Brasil o povo gosta muito de ouvir música, mas não gosta muito de ler. Você se preocupa com isso, por exemplo, quando está compondo? Qual o perfil do público que hoje compra CD e vai aos shows do Zerø?

G. I. - Um dia eu recebi um depoimento no Orkut de um fã dizendo que a música mais importante da vida dele era Quimeras e que ele foi ao dicionário procurar o significado da palavra porque na época não sabia o que eu queria dizer. Parece pouco, mas é muito. Se o meu trabalho serve para aumentar em uma palavra o vocabulário de alguém a minha missão já se cumpriu, se além disso, desperta em alguém uma percepção diferente da vida, das pessoas, dos sentimentos é um hiper-bônus. Eu tenho a pretensão de escrever canções que transformem as pessoas, porque as pessoas são capazes de transformar a realidade. E é de um choque reformista que esse planeta precisa.

Rose Peixer - Que tipo de influência a música pode exercer sobre a vida das pessoas? Você acha que letras de músicas socialmente conscientes podem realmente mudar alguma coisa?

G. I. - Oops! Parece que respondi duas em uma. Vide resposta anterior.

Rose Peixer - “Enquanto viver, nunca terei lido livros em quantidade suficiente. Sou uma espécie de viciado em livros”. A frase é do cantor Sting (ex-Police), que disse uma vez que recebia muitas cartas de jovens dizendo que leram tal livro porque escutaram ele falando sobre o autor. Qual a importância dos livros na sua vida, Guilherme? Você passou mesmo o ensino fundamental refugiado em bibliotecas? O que você lia e o que gosta de ler hoje?

G. I. - Eu era um guri muito velho, dizem que o geminiano sofre de velhice precoce e depois padece de infantilismo tardio, parece que aqui se aplica. Nas escolas (passei por muitas) eu sempre desprezava a obtusidade dos meus colegas de série e buscava a companhia dos mais velhos que obviamente me desprezavam pela diferença de idade. Um perfeito desajustado se é que isso existe. Impossibilitado de interagir com as pessoas, encontrei na fantasia um universo inesgotável de situações, personagens e possibilidades. Se um sabugo de milho e uma boneca de pano podiam falar, qualquer coisa era possível. Os livros me deram o que falta a essa geração imediatista, a habilidade de imaginar o inimaginável. Hoje, o jovem plugado 24h por dia confunde informação com conhecimento e esse é um cacoete redutor de horizontes. Eu não lia por autores ou assunto, lia por prateleiras, ler era o meu refúgio. Hoje continuo lendo de tudo, de guias de usuário (detesto tecnologia subutilizada) a bulas de remédios, mas leio principalmente sobre ciência e, atualmente, estou mergulhado em manuais de paternidade.

Rose Peixer - No texto “Pelo ser comum” você chama a atenção para a eterna insatisfação do ser humano com a própria aparência. Num trecho você pergunta: “Qual a prescrição médica que assegura uma simpatia cativante? Qual pronto-socorro psíquico vende, ainda que no câmbio negro, brilho intelectual e autoconfiança?” Você acha que hoje as pessoas já conseguem ser mais autênticas ou ainda se escondem atrás de máscaras?

G. I. - Os universos de relacionamentos virtuais, a despeito do que se crê costumeiramente, proporcionam um “ambiente” inédito para a livre expressão do verdadeiro eu. Protegidas pelo “anonimato” e na segurança do lar, homens e mulheres podem experimentar as delícias de exporem-se sem disfarces. No mundo real a máscara ainda é a ferramenta principal do cinto-de-utilidades de sobrevivência urbana. As pessoas julgam tudo e todos e ninguém quer dar a cara a tapa.

Não se esconda atrás de mascaras
Pra tentar se proteger
As verdadeiras intenções
Todos sempre vão saber

Eu posso ler seus pensamentos
No brilho do seu olhar
Os olhos falam e eu escuto
Nem tente me enganar

As estórias que eles contam
Eu nem podia imaginar
Todo o fogo e a luxúria
Que você tenta disfarçar
E não consegue mais esconder

Mas é fácil compreender
Que motivos você tem
É melhor não se arriscar
Que se iludir com alguém

Mas você não se basta não
E o que eu posso aconselhar
É finja enquanto conseguir
Pois seu dia vai chegar

Quando os corações se encontram
E os olhos falam sem pensar
Suas mascaras desmontam
Te deixam livre para amar
E só você não consegue ver

Eu escrevi essa canção “Os Olhos Falam” em 84 e agora soube que ela abre um dos capítulos do livro sobre o “Madame Satã”. Ela lembra que não há máscara que resista ao interlocutor verdadeiramente interessado. Quando realmente desejamos, somos capazes de enxergar o invisível e o véu se desfaz.


Rose Peixer - Enquanto muita gente critica a frieza das relações pela Internet, você em outro texto diz que no mundo virtual “as pessoas encontram afinidades, simpatizam e se apaixonam por conteúdos, em contraponto a uma realidade em que as relações são promovidas e pautadas pelas aparências”. Você hoje vê a Internet com um olhar de aprovação ou de reprovação?

G. I. - Oops! I did it again! Duas respostas em uma, ver resposta anterior.
Total aprovação, desde que observadas todas as salvaguardas de segurança necessárias também no mundo real.


Rose Peixer - A Internet facilita, por exemplo, o trabalho de divulgação dos artistas e bandas que disputam espaço no mercado?

G. I. - É claro! O Orkut, o Multiply, o YouTube e o Myspace são a minha TV Globo. Com a diferença de que ali eu falo pessoalmente, corpo-a-corpo, com a minha “audiência”.

Rose Peixer - “Quem vive mente mesmo sem querer” diz a letra de “Agora eu sei”, a música que todo mundo já ouviu pelo menos uma vez na vida. “Pra que chorar se o verdadeiro amor pode ser o próximo?”, diz outra música do Zerø. É mais fácil escrever sobre o amor ou cantar o amor?

G. I. - O amor, ou mais comumente a falta dele, é o pano de fundo das principais questões que afligem a humanidade. O nome “Quinto Elemento” não foi escolhido aleatoriamente pra batizar nosso novo CD essa é a força mais poderosa da natureza e, portanto, intimidadora. Eu não falo apenas do amor romântico entre um homem e uma mulher, mas posso usar esse tipo de relação pra discorrer sobre o amor incondicional que é a verdadeira fonte da libertação. Escrever e cantar com propriedade sobre um assunto tão complexo quanto fascinante é além de muito difícil, extremamente recompensador. Me proporciona a sensação de dever “em cumprimento”.

Rose Peixer - De zero a dez uma nota para: (pode justificar se quiser)
- a música dos anos 80?

G. I. - Nota 1000! Mas não existe isso de música dos anos 80. Isso é simplificação da mídia. É redutor da importância do movimento. Equivale a dizer que na Inglaterra só existem os Anos 60 e que nos EUA só existem os anos 70. Na Inglaterra dos anos 60 se fez o melhor rock da Inglaterra, o mesmo aconteceu nos Estados Unidos nos anos 70. Na década de 80 foi quando a bomba estourou no Brasil e pronto. Não existe música anos 80, existe rock brasileiro e ele alcançou seu estado de excelência na referida década e isso é tudo. Dizer que determinado artista/banda ou determinado som é “anos 80” quer na verdade dizer que fulano faz rock brasileiro, com muito orgulho.

Rose Peixer - a música de hoje?

G. I. - Se eu for dar nota pra isso vou cair na armadilha da crítica. Eu me sinto mais a vontade na condição de telhado do que na de pedra, mas posso transcrever o meu manifesto do Orkut.

Quem diria que menos de 25 anos depois, encontraríamos o roque brasileiro nesse estado. A mídia diz que no mundo inteiro ainda bomba (bombar=bombear, estar vivo, pulsante), mas que aqui feneceu. Eu discordo.
O que morreu não foi o roque, foi o interesse da mídia nacional na opinião da juventude. É clássico.
Uma hora interessa ouvir o jovem porque o jovem é um potencial consumidor e respeita-se a sua voz, sua atitude, suas propostas e sua “revolução” cultural.
Na hora seguinte um consumidor consciente e evoluído é uma ameaça à indústria do consumo e tudo o que permitiu ou facilitou o alcance desses estados de consciência, alerta e prontidão lhes é negado.
Ou é possível acreditar que, de um momento pro outro (certo, um momento de duas décadas), o que nasceu diverso e plural virou esse tatibitate monocórdico e sentimentalóide de um bando de bandas de nomes diferentes e conteúdos iguais?
Foi pra isso que a geração da qual orgulhosamente faço parte criou um roquenrou brasileiro, em língua portuguesa, tratando das mazelas intrínsecas da juventude nacional? Claro que não.
Nós (artistas, público) não emburrecemos nem baixamos os níveis de exigência, mas eles (a “indústria cultural”) acreditam saber o que é bom para todos e se decidiram por uma juventude colorida, de aparência fusion-retrô e discurso vazio. Garotos bonitinhos e bonzinhos com roupas rasgadas e pinta de malvados. I N O F E N S I V O S.
Decidiram também que todos eles deveriam gostar de duas ou três bandas americanas de aparência rebelde e som pasteurizado. E é só isso (com raras e prestigiadas exceções) o que se ouve por aí. Ou seja, tudo como sempre foi. Não me espanta.
É a ordem natural das coisas: as manchetes, luzes e o palco principal pros bonecos, enquanto o verdadeiro roque continua nas margens, becos e sombras. Pra lembrar a existência das dúvidas e angústias, dos desgostos e das frustrações. Expressando uma melancolia e inconformismo que estão além daquela de se perder (sem desmerecer essa dor) a primeira namorada.
O roque é uma força de contestação contracultural por natureza. Um megafone na incerteza. Vamos de encontro ao que é e está. Não somos gatos de armazém. Não devemos nos habituar ao conforto e ao estabelecido. Somos pedras rolando, raios caindo, sangria desatada, incomodo e desajuste.
O rock já nasce temporão, com 14, 15 anos e vive uma glória curta dos 25 aos 30. Entre os 40, 50 tem poucas escolhas:
1) Vai para a reserva honrosa como ex-combatente;
2) Vai inchar em Las Vegas ou outra deselegante decadência;
3) Ou permanece na resistência.
Meu roque é desses últimos aí.
Cinqüentenário e resistente.
Yeah!


Rose Peixer - Daqui do Brasil ou do mundo, qual a música que não sai da sua cabeça e que você gosta de ouvir?

G. I. - Tenho escutado os franceses Zazie e Arthur H, os suecos do Eskobar, os australianos do Jet e os americanos do The Raconteurs. Além de muita canção de ninar.

Rose Peixer - Música, shows, barulho e silêncio. Você gosta do silêncio, Guilherme?

G. I. - Ta lá no Orkut também e é fato: “...continuo dedicado ao silêncio, sempre que posso.”