domingo, outubro 31, 2004

ZERØ no MATRIZ em BHZ



Eu estava devendo uma narrativa sobre a nossa fantástica experiência em Belo Horizonte.
A cidade nos recebeu maravilhosamente bem. Foi realmente incrível.
Transcrevo aqui as impressões de alguns dos envolvidos, postadas no tópico "Como foi o show do ZERØ em BHZ?" que o nosso amigo e web designer Stefan abriu na comunidade ZERO ABSØLUTØ, nosso fã-clube no Orkut.
Não é por preguiça não gente, é que dificilmente eu teria algo a acrescentar ao que lá foi dito.

Stefan:
Como foi o show do ZERØ em BHZ?
Alessandro e demais, Ninguém aqui falou como foi o show do ZERO em BHZ.
Fala aí pra gente, plis?
Grande abraço, Stefan.

Alessandro Pessoa (produtor do evento):
Adrenalizante!!!
Acho que esse é o melhor adjetivo!!!
Foram duas horas e meia de show(recorde no MATRIZ!!!).
Com o público que compareceu em massa, cantando e participando frenéticamente de todas as canções e ainda pedindo vários bis no final sem arredar o pé!!!
Destaque para a cover "Cais" do Milton uma homenagem pertinente, ao "Clube da Esquina".
Mesmo depois de um show intenso e longo, aclamados por todos, Guilherme Isnard, Yan França, Luiz Bertoni e Jorge Pescara ainda arrumaram fôlego para atender com carinho a todos os fãs, distribuindo autógrafos, tirando fotos e respondendo as mais diversas perguntas.
Foi uma noite de gala do rock.
Contou com a presença de vários artistas locais, imprensa, membros da prefeitura e empresários da cidade, todos prestigiando o retorno do ZERØ à capital mineira!!! Sem contar a grande abertura da banda ENJOY mostrando que o rock brasuca ainda respira novidades!!! o show reverberou pelos quatros cantos de belo horizonte e até na segunda feira ainda estavam saindo matérias na imprensa. Ou seja SUCESSO ABSØLUTØ!!!
Como sempre!!!

Stefano (banda ENJOY):
Muito bom! Sim, é verdade. O Alezz não está exagerando, o show foi muito bom. A galera alucionou e ficaram até o fim esperando os musicos pra conversar etc.
Foi legal demais. Antes do zero começar, as cortinas fechadas e o público gritando sem parar. Tirei várias fotos de cima do palco, do público pirando. Vou postar umas no meu álbum mas se alguem quiser ver mais, é só visitar a comunidade do enjoy no multiply, que eu postei todas lá. Não é preciso fazer parte do grupo para ver as fotos, mas quem quiser se associar é bem-vindo!Um abraço a todos e vida longa ao zero e ao enjoy! esperamos ve-los em breve!

Alessandro:
Isso aí Stefano!!!
Uma das curiosidades... Tem o Stefano do Enjoy, tem o Stefan do site e tem a Steph que além de ser namorada do Binho do Enjoy foi promoter do show aqui em BH. Kakakakaka.

Deve ser algum karma ou dharma do Guilherme!!!
Por falar nele, tb queria saber qual foi impressão do Mr ZERØ nesse tópico.

E aí Guilherme, o que achou?

Guilherme:
Simplesmente o máximo!!!
Eu não poderia imaginar um show mais perfeito. Duas horas e meia de espetáculo.
O repertório clássico e o novo foram muito bem recebidos.
Dois bis, uma galera vibrante e um retorno energético, de alto nível.
BHZ recebeu o ZERØ de coração aberto. O público, a mídia, os amigos, as meninas...
Somos eternamente gratos e esperamos voltar em breve a essa terra hospitaleira.
Adorei o show do Enjoy, a temporada no Prado, os irmãos Maglovsky e o Marco, Bel, Steph, Ricardo, Alessandro o cara que tornou o sonho possível, Isadora e Adriani. Pra sempre no meu coração.
A D O R E I !!!

Isadora:
Foi maravilhoso receber o Guy e o ZERØ aqui em BH! O show foi, realmente, emocionante! Eu, que, "lamentavelmente", nasci com um atraso de mais ou menos 20 anos e não tinha tido a oportunidade de assistir ao ZERØ ao vivo e muito menos pude participar da época áurea do rock 'n roll brasileiro, fiquei admirada com o entusiasmo com que o público de BH recebeu a banda. Felizmente, a música dificilmente morre, está quase sempre registrada em algum lugar e, por isto, mesmo tendo nascido nos anos 80, posso ter acesso a tudo o que se passou e que eu não tive a oportunidade de acompanhar, de estar presente. A verdade é que eu me contentaria com isto, mas, melhor ainda, tive a satisfação de assistir a uma das melhores bandas dos anos 80, ao vivo, na minha cidade. Eu não tinha idéia de como seria o show e fiquei surpresa de ver vários amigos presentes, cantando junto e vibrando com as músicas do ZERØ. Foi bonito ver o Guilherme deixar o público cantar sozinho e me arrepiar com o grande coral que se formou. Foi uma felicidade enorme e só agora me dei conta de que eu não falei nada disso com o Guy e com os meninos da banda, culpa da euforia que tomou conta de mim e de todos que estavam presentes! Já parabenizei o Alessandro pelo sucesso do evento e também os meninos do Enjoy, que infelizmente não pude assistir em ação, mas que fora do palco são umas graças e, de acordo com as referências, fazem um som de primeira qualidade! Pro Guilherme até me faltam as melhores palavras, além de ser um grande músico é também um homem maravilhoso! Fiz um favor aos meus ouvidos e um belo agrado ao meu coração... O Guy e o ZERØ tbm estão aqui agora.
Aqui e no meu CD Player!

Luiz Bertoni:
Relato.... Bom, meu ângulo de visão não era dos melhores, vi o show do banco da bateria.
De lá ví muitas pessoas felizes, no palco eu , o Guy , o Yan e o Pescara celebrando nossa amizade e nosso som juntos . A alguns metros a frente de nós, o publico aceitou a nossa celebração e multiplicou uma energia positiva intensa. Houve uma retro alimentação de prazer nesse show... Prazer de tocar e prazer de ouvir. Foi um show muito bonito, dificil de esquecer.

Alessandro:
Contando detalhes da estadia do Lui.
Ele veio um dia antes do resto da banda, depois do Guilherme que ficou uma semana foi o que aproveitou mais.
Depois de almoçar em uma das melhores churrascarias da cidade(hehehehe...perdeu essa Guy!!) fomos passear na Savassi (sempre enfeitada com belas mulheres). Compramos baquetas em uma loja de instrumentos, fomos em um café bar e adivinha quem estava tocando? Nada mais nada menos que Toninho Horta!!! Ele nos recebeu muito bem, foi muito simpático, já conhecia o Bertoni de outras ocasiões, ficamos batento papo com ele e com os outros músicos.
Pra finalizar encontramos o Xand do Pato Fu e batemos um papo rápido pois estávamos quase na hora de passar o som no Matriz. Foi uma tarde bem bacana, aconteceram várias coisas legais por acaso, sem planejarmos nada, nesse momento eu percebi que o universo estava conspirando a nosso favor e que seria um grande show!!!

Gustavo:
O que posso dizer do show é que foi simplesmente fantástico. Com certeza um dos melhores shows que eu ja presenciei. Quando o Guilherme começou a cantar Quimeras entao eu tremi de emoção. Cara, vcs tem de fazer isso de novo. Parabéns mesmo!
Mais uma coisa que precisa ser dita! A atenção do membros da banda com os fãs depois do show foi pra mim uma surpresa enorme. Poder trocar uma ideia com o Gulherme lá no Matriz foi muito bom. Que isso! Nunca que eu esperava ter uma chance dessas, de conversar pessoalmente com os caras de uma das bandas q eu gosto! Valeu mesmo gente!

segunda-feira, outubro 25, 2004

GUILHERME ISNARD - solo

É nessa terça galera!!!
E também nas terças 09 e 16 de novembro.
No Caroline Cafe Centro:
Rua da assembléia 13, centro/RJ, às 19h.


quarta-feira, outubro 20, 2004

Marcelo Dolabela entrevista Guilherme Isnard

Concedi essa entrevista ao jornalista Marcelo Dolabela de BHZ alguns dias antes do nosso último show. Infelizmente o editor acabou cortando essa parte da excelente matéria.
Já que temos esse canal de mídia alternativa espero que o Marcelo não se incomode de vê-la publicada aqui.

Aparentemente, principalmente para a mídia, o Zero é uma "banda de um hit só" - "Agora eu sei" . Quem conhece a banda sabe que isso não é verdade. E o álbum "Electro acústico" está aí para provar o contrário. Como você convive com esse paradoxo?

Muito bem, melhor ser lembrado por um sucesso que por nenhum, hehehe... Na verdade tivemos 4 músicas com execução massiva – e esse é um dado importante – em todo país: “Agora Eu Sei” e “Formosa” do primeiro LP, “Quimeras” e a “Luta e o Prazer” (em que tenho a honra da parceria com Ronaldo Bastos) do segundo. Com esta última, gravamos inclusive um “Globo de Ouro”, em segundo lugar de execução nacional, à época da aferição pelo IBOPE, portanto mais um inegável hit. Mas é incontestável que “Agora Eu Sei”, por conta da explosão do RPM, é a que ficou marcada como nosso grande sucesso e por isso freqüenta os playlists das FMs até hoje. Eu acho que, como você aponta, essa é mais uma postura da mídia mesmo, pela necessidade de categorizar, o que não nos incomoda porque o que realmente importa pra gente é a percepção dos fãs e esses sabem bem quem e o que somos.

Ao contrário das outras grandes bandas paulistanas (Ira!, Titãs e Ultraje A Rigor) que se lançaram na WEA, o Zero se lançou na CBS e se estabeleceu na EMI-Odeon, o que essa opção moldou a sonoridade e a trajetória do grupo?

Nós tivemos a sorte, nas duas companhias, de nunca termos passado por nenhum tipo de controle da nossa criação, nem na composição, nem na gravação dos álbuns, ou seja, não fomos “moldados” pela indústria, acho mesmo que ninguém daquela geração foi, as gravadoras não sabiam o que fazer com a enxurrada de talentos que surgiam e se mantiveram passivos, sem interferir no direcionamento das carreiras. Sábia decisão. Isso hoje em dia mudou muito.
A história é que o ZERØ ganhou uma participação num “Pau de Sebo” da Deck Discos - “Os Intocáveis” - através de um concurso da rádio Cidade FM de SP. Desse álbum duas bandas foram contratadas pela CBS (atual Sony) e como ao final de um ano não havíamos conseguido a projeção que esperávamos, aceitamos o convite do visionário Jorge Davidson e mudamos de mala e cuia pra EMI.

Na ocasião do lançamento do álbum "Passos no escuro", em 1985, você avisava que trabalhamos em sintonia com grupos como o Simple Minds, mas temos mais valor porque aqui as dificuldades são maiores", a sua visão da cena pop-rock no Brasil continua da mesma forma?

Mudou muito. Hoje a realidade é totalmente diferente. Naquela época a importação de instrumentos era proibida, ainda estávamos sob a ditadura, não existia uma infra-estrutura de apoio para shows de rock. Hoje em dia é bem mais fácil. Quem começa a tocar já principia com bons equipamentos, tem bons lugares pra tocar com som e luz, etc. Eu ilustro: Uma vez nós chegamos numa cidade do interior (1985) e o nosso produtor perguntou onde estava a mesa de som, pois haviam garantido a existência de uma. O contratante apontou orgulhoso um rack pra colocar aparelhos de som no canto do palco e perguntou se aquela “mesa de som” estava boa.Mas ainda continuo achando que qualquer coisa que façamos aqui tem mais valor do que o que se conquista lá fora. Eles continuam tendo muito mais grana, reconhecimento, condição, preparo, apoio, formação, espaço, mídia especializada, etc. O brasileiro é sempre um herói, em tudo o que se propuser a fazer.

Durante o lançamento segundo álbum "Carne humana", em 1987, você fazia uma nova profissão de fé, dizendo: "na primeira formação do Zero, nós não tínhamos nenhuma preocupação em sermos populares. O nosso aceite era o que bastava. Hoje, a nossa preocupação é a de fazer um trabalho popular acessível, mas sem concessões e honesto, original", esse ainda é o projeto do grupo?

Faz tanto tempo, eu não me lembro de ter dito algo assim, mas pela extensão e profundidade da sua pesquisa sou obrigado a acreditar. Eu possivelmente me referia ao fato de que na primeira formação o som era mais pesado, quase punk, e na segunda – neo-romântica – mais melodioso e conseqüentemente mais palatável para as grandes audiências. Hoje, e aí sim existe um paradoxo, estamos mais próximos da proposta original, o som está bem mais pesado, mais rock, mais cru. A atual formação é básica: Jorge Pescara no baixo, Yan França na guitarra e Luiz Bertoni na bateria. Sem adereços eletrônicos, playbacks, MDs ou DJs. A proposta ainda é a mesma: Originalidade e honestidade, sem concessões. Eu gosto de acreditar que posso fazer alguma diferença com o que escrevo. Minhas letras sempre tem mais do que uma leitura e eu espero que em alguma delas o ouvinte alcance um novo patamar perceptivo.

No Zero, a assinatura das canções é coletiva. Afinal, qual o processo de criação do grupo?

As letras são sempre minhas, fico pouco à vontade pra interpretar verdades alheias, a não ser quando me identifico profundamente. Componho também as melodias que dão suporte as letras, elas nascem concomitantemente. O que a banda faz coletivamente são os arranjos e eu também faço parte da banda.

Você integrou um dos grupos mais radicais e experimentais do pós-punk brasileiro, o Voluntários da Pátria, como foi esse período?

Muito interessante, foi o meu primeiro contato com o mundo musical e pude aprender valiosas lições que me foram úteis na formação do ZERØ. Cometi erros que não voltei a repetir. Na verdade essa experiência foi que me levou a começar a compor e fundar uma banda. No Voluntários eu fiz uma audição e fui aprovado para ser o cantor de um repertório que já existia, mas com o qual não me identificava. A banda apontava e discutia questões pertinentes ao estado de exceção em que vivíamos, mas com um enfoque socialista e panfletário que eu achava incongruente com a condição sóciocultural dos integrantes – todos pequeno-burgueses – em oposição às bandas punks do subúrbio, essas sim com a legitimidade que eu julgava necessária pra falar do assunto.

Em meados da década de 1990, você teve uma experiência solo, tendo, por base, um repertório de música brasileira. Houve algum registro dessa fase? Por que essa guinada de estilo?

A primeira coisa que eu quis fazer foi colocar os meus recursos vocais a serviço de outros repertórios, até mesmo pra me experimentar como cantor.Existem registros oficiosos dessa fase e o mais importante foi que me descobri um bom e pródigo compositor de sambas-canção.

Ezra Pound diz que cada artista deve organizar suas influências para que o público possa localizar, o mais rápido possível, a história e a parte viva desse artista. Quais são as principais influências do Zero e de Guilherme Isnard?

Bom... Eu mesmo tive surpresas nesse quesito. Acreditava que a base da minha influência era a minha formação musical da adolescência, o rock progressivo Inglês e, mais tarde um pouco, o punk rock e a new wave anglo-americana. Mas quando fui estudar o repertório do Miltinho (cantor famoso dos anos 50/60, com quem me apresentei no SESC Pompéia no meu show de despedida de São Paulo) me dei conta de que, inconscientemente, trazia comigo influências do que os meus pais ouviam quando eu era garoto e isso inclui da música clássica à chanson française, passando pelo bom samba de teleco-teco.

O Zero, até agora, é uma banda autoral. Isto é, trabalha basicamente com repertório próprio. Se o grupo fizesse algum "cover" de qual canção seria e por quê?

O ZERØ é uma banda autoral porque eu acredito que você só deve fundar um grupo de rock se tiver algo a dizer. O que não nos impede de encontrar em outras canções o que gostaríamos de dizer. Temos vários covers clássicos no nosso repertório, canções de Renato Russo, Nando Reis, etc. Preparamos um especialmente para esse espetáculo em BH, mas manterei em suspense até o dia do show. Adianto que é uma homenagem ao fantástico álbum “Clube da Esquina” de 1972.

AMORES REMOTOS no Caroline Café Centro/RJ



Guilherme Isnard – Amores Remotos
19 e 26 de outubro / 09 e 16 de novembro


O show solo que o cantor e compositor Guilherme Isnard do ZERØ apresentou por cinco semanas no Teatro Crowne Plaza em São Paulo, finalmente chega ao Rio de Janeiro!

Por duas terças (19 e 26) de outubro e duas (09 e 16) de novembro, “Amores Remotos” estará em cartaz no Caroline Café Centro a partir de 18h.

Na performance intimista, acompanhado por instrumentos acústicos, Isnard homenageia o melhor do rock nacional dos anos 80’s, canta sucessos do ZERØ e outras belas canções.
São 20 anos de estrada e muitas histórias, serão contadas.

No repertório alguns hits do ZERØ – "Agora Eu Sei", "Formosa" e "Quimeras". Sucessos de Legião Urbana, Uns e Outros, Finis Africae, Hojerizah, Paralamas do Sucesso, Capital Inicial, Plebe Rude. E ainda canções de Cássia Eller, Nando Reis e Renato Russo.

É possível, mas não garantido, que Guilherme apresente pela primeira vez no Rio alguns de seus sambas-canção, no melhor estilo velha-guarda

O Ministério da Saúde Pública Musical adverte:
Esse show é altamente benéfico para a saúde.
Extremamente bem recomendado.
Sem contra-indicações.

segunda-feira, outubro 11, 2004

JOVEM GARBOSO

por Guilherme Isnard para HV n°4 – novembro/dezembro de 1986

Meu nome é Narciso. Sou alegre, comunicativo, discreto, agradável, charmoso, sutilmente engraçado, determinado, inteligente e, modéstia à parte, muito gostoso.

Era uma vez...Os feios que me perdoem, mas só não se atrai irresistivelmente pelo espelho quem experimenta profundo desprazer ao se lembrar do reflexo. Assim mesmo, somente em casos de desesperadora fealdade, porque essa maravilha de adaptação que é o ser humano é capaz de encontrar ângulos favoráveis em qualquer Demoiselle D'Avignon.

A beleza é um conceito abstrato e como tal indefinível, variando incrivelmente de pessoa para pessoa. Cada indivíduo possui particulares subsídios culturais, sociais e étnicos para construir o seu próprio padrão do belo. Que acaba, na maior parte das situações, transgredindo o padrão standard da beleza consensual. Apesar de neste modelo estarem embutidas variantes tais como belezas exóticas, insossas, agressivas etc... Já que as discussões estéticas acabam chafurdando o mesmo pântano sem fundo das polêmicas políticas e religiosas, é melhor desarmarmos os nossos cérebros analíticos e render-nos encore une foi à boa e, às vezes, infalível sabedoria popular: A beleza está nos olhos de quem vê. Mesmo quando quem vê não faz a menor idéia do quê.

Beleza não põe mesa!?
Eu fiz bem em ressaltar a falibilidade dos ditos pop. É claro que uma beleza bem administrada rende os seus dividendos.
Em fugazes carreiras de modelos manequins, assim como na TV ou cinema, ou ainda no trânsito social que lhes oferece facilidades, os “formosos” costumam lucrar popularidade, prestígio e situação, mas ficam muito distantes de uma coisinha chamada respeitabilidade. Por que será? Seria possível que uma das qualidades mais invejadas entre os homens fosse também alvo de tanto preconceito? É paradoxal, mas é real: A sociedade em geral é absurdamente cética em relação ao talento dos belos. Como se a estes "privilegiados" bastasse o prazer encontrado no próprio reflexo para preencher toda uma existência, que por isso mesmo, estaria de antemão condenada à frustração. Caprichos do destino.

Deus se come-se
Todo este preâmbulo se justifica porque me colocaram em situação algo embaraçosa ao me revelarem a pauta desta edição: O NARCISISMO. Não fosse eu a capa do último número e tudo estaria bem, mas acontece que depois desta estréia como cover boy me sinto assim como que envolvido emocionalmente com o assunto. Eu aposto que o leitor criativo poderá facilmente imaginar-me pisando em ovos, de saia justa e salto quebrado. Mas estes e outros são os tais ossos do ofício.

A título de curiosidade, gostaria de dizer que a edição cuja capa estampa este seu esforçado escriba foi, para alegria do departamento comercial da empresa e para minha humilde vaidade, a que mais rapidamente se esgotou em banca. Aos meus fãs, amigos e pacientes leitores, os mais sinceros agradecimentos.
Órra meus, tão vendo? Como é que eu vou falar imparcialmente de narcisismo com a bola cheia desse jeito? Não se comoveram? Então, vamos lá, mãos à obra. Meus amores, perdoem qualquer complacência.

Pelo menos, o mito vocês conhecem, não? Bom, lá vai: Vinha andando despreocupadamente pelo bosque o garoto Narciso quando, não mais que de repente, ao curvar -se para beber num lago, o garboso efebo maravilha-se ao ver-se refletido na lâmina d'água. Loucamente apaixonado por si, mergulha para tentar alcançar-se e, se não me falo (Ops! ato fálhico) a memória, afoga-se.
Que amorzinho vertiginoso e fatal é esse que intriga as civilizações há milênios? Só pra vocês fazerem uma idéia, fui dar uma olhadinha do Dictionaire de Ia Simbologie e encontrei umas vinte páginas falando sobre o nosso colega kamikaze. Foi aí que descobri um consenso entre poetas e filósofos, colocando este mergulho como se ele fosse dado num espelho aberto para as profundezas do eu. Uma interpretação até certo ponto simplista: o mito de narciso seria um símbolo de uma atitude auto-contemplativa, introvertida e absoluta, em resumo: a busca da identidade. Mas vamos deixar a mitologia de lado e passar à pesquisa de campo.

Eu me amo!
Os lindinhos que, ao meu ver, seriam potencialmente narcisistas são, na verdade, extremamente reticentes ao comentar a própria beleza, um tipo de falso pudor, uma espécie de culpa em serem belos (saibam porque no epílogo do preâmbulo). Já entre os, digamos assim, belos não-óbvios, encontrei casos de auto-adoração aguda. O que me permitiu deduzir que existem casos em que a beleza (que, aliás, existe em todos nós) é tão sutil, mas tão sutil, que somente quem a possui é capaz de reconhecer. O que, infelizmente, reduz o círculo de admiradores desse belo "oculto" a um só: ele mesmo.
Narcisismo como medicação? Pode ser, mas não sem contra-indicações.
Ezequiel oportunamente lembrou-me de uma obra-prima narcísica dos anos 50’s, Sunset Boulevard (corra ao videoclube mais próximo!) e Alvim L evocou Gloria Swanson completamente ensandecida, sendo arrastada pela polícia após ter assassinado o marido, dizer fixando a filmadora: "Eu dedico essa minha loucura às pessoas que estão aí no escuro me vendo completamente louca, agora estou pronta para o meu close-up, Mr. De Milles". A Hollywood, Meca dos narcisos, põe o dedo na própria ferida e mostra uma atriz desgraçada pela sorte ser incapaz de, num momento trágico como esse, ter outra preocupação que não para com a adoração que ela supostamente inspiraria aos estarrecidos fãs.

A cabeleira do Zezé!
É claro que entre formosos pudicos e feiosos explícitos existe um amplo espectro de narcisos. É possível classificá-los em dois grupos genéricos: os saudáveis e os maníacos, apesar de que os limites entre eles são tênues. Exemplo: quem dança em frente ao espelho para se "sentir" na roupa é narciso, mas é saudável. Agora, se trocar de roupa mais do que duas vezes, passa para o outro time.
Apesar de ser praticamente impossível aos leigos entender os excessos dos fisicultores, constatamos que algumas profissões induzem ao narcisismo crônico, normalmente por exigir das pessoas uma carga muito maior de auto-contemplação (bailarinos, atores, artistas etc.). Afinal, quem é e quem não é?
Melhor tentar de outro modo: eu, por mero exemplo, me acho o máximo, mas também acho várias outras pessoas "o máximo". Equalizar, otimizando o handicap, é saudável. Demência é se presumir o máximo dos máximos sem admitir outro brilho que não o próprio. Deu-me vontade de fazer uma lista de máximos e péssimos, mas essa não é a hora.

Os fãs de hoje são os linchadores de amanhã.
Será que deu para formar alguma opinião? Não? Azar, porque eu já não agüento mais e vou escrever agora as últimas linhas sobre o assunto. Cuidado, que lá vem pedra!
Só a hipocrisia social obriga as pessoas a um comportamento humilde, a grande massa da humanidade é vassala e, portanto, induzida a uma conduta plácida e cordata. É justamente por isso que os comportamentos ditos narcísicos, como autoconfiança, segurança e determinação, são passíveis de serem considerados pelo sistema como nocivos ao meio.
Não pode ser verdade, a beleza, assim como outros dons, é a emanação da energia interior e, conseqüentemente, irreprimível. Portanto, meus amores, assumam e realizem sem medo o seu narciso, pois só assim poderão concluir que a felicidade não está no reflexo da própria fantasia ou ideal e conscientizem-se de que só o contraste oferece aquele algo mais.

Não posso me esquecer de citar a sábia e célebre cantora lírica das histórias de Tintin, Castafiore: "Chego a rir de me ver tão bela neste espelho".

terça-feira, outubro 05, 2004

AGENDA: Outubro, Novembro e Dezembro.

Outubro tá muito bom e sortido galera!
Tem Guilherme Isnard com Mix 80 no "Tributo a Renato Russo" - 09/JF e 11/RJ. ZERØ em "O 5° Elemento" - 16/BH. E a volta de "Amores Remotos", meu show solo - 19 e 26/RJ.

Em novembro estaremos principalmente em São Paulo:
ZERØ na FNAC Pinheiros em versão light e no Na Mata Café.
Também serei DJ convidado na Autobahn.
O meu solo "Amores Remotos" continua às terças no Caroline Café Centro no Rio.

Dezembro é vez da festa "20 e Poucos Anos" em Fortaleza!
Detalhes abaixo, programem-se amigos!


Show "Amores Remotos" - Foto: Yuri Mine

OUTUBRO:

09/10, sábado: Guilherme Isnard e MIX 80
"Tributo a Renato Russo"

Cultural Bar - Juiz de Fora/MG
Av. Deusdeth Salgado, 4300
Tel.: (32) 3231 3388

11/10, segunda-feira: Guilherme Isnard e MIX 80
"Tributo a Renato Russo"
Lona Cultural João Bosco - Vista Alegre/RJ
Avenida São Félix, 601
Tel.: (21) 2482-4200

16/10, sábado: ZERØ
"O 5º Elemento"
Matriz - Belo Horizonte/MG
Terminal Turístico JK n°1353
esq. de r. Guajajaras e av. Olegário Maciel
Tel.: (31) 3212-6122

19 e 26/10, as terças-feiras: Guilherme Isnard - Solo
"Amores Remotos"
Caroline Café Centro - Centro/RJ
Rua da Assembléia, 13
Tel.: (21) 2220 9008

NOVEMBRO:

05/11, sexta – ZERØ
“O 5° Elemento” (Diet)
FNAC Pinheiros/SP , às 19h
Av. Pedroso de Moraes, 858, Pinheiros em São Paulo.
Tel.: (11) 4501-3000
FNAC

06/11, sábado –
DJ Guilherme Isnard
“Punk/New Wave, 80’s”
na
AUTOBAHN
Darta Jones, às 22h
R. dos Pinheiros, 573 – Pinheiros/SP
Informações: 7138-6880/3082-4430
Preços com desconto (nome na lista):
R$ 5 de entrada e R$ 5 de consumação
Inscreva-se até as 19:00 do dia da festa no link.
AUTOBAHN

08/11, segunda – ZERØ
“O 5° Elemento”
Na Mata Café, à partir de 22h
Rua da Mata, 70 – Itaim Bibi/SP
Reservas (11) 3079 0300
Na Mata Café

09 e 16, terças –
Guilherme Isnard (solo)
“Amores Remotos”
Caroline Cafe Centro, ás 19h
Rua da Assembléia, 13 Tel.: (21) 2220 9008
Caroline Cafe

DEZEMBRO:

11/12, sábado –
Guilherme Isnard
Festa "20 Poucos Anos"
Fortaleza/CE
20 Poucos Anos

sábado, outubro 02, 2004

Chegou o dia! É hoje galera, assistam!

O grande dia, aguardado ansiosamente por todos nós, finalmente chegou, mas a felicidade desse momento não nos impede de recordar quão importante foi e tem sido o apoio dos amigos, fãs e do nosso staff.



Jorge Pescara, Luiz Bertoni, Yan França e eu, dedicamos esse dia especial a Fabiana Gontijo Albergaria, Stefan Santana e Dawn, Renato Donisete, Débora Nassuti, Fernanda de Souza Pinto, Estela Alcântara, Patricia Cruz, Simone Lima, Luciana Arraes, a todos os amigos da lista e-groups do ZERØ e aos técnicos e músicos maravilhosos que já nos acompanharam em parte desse caminho: Valeu Edu, Freddy, Ricky, Malcolm e Athos - Sem vocês teria sido mais difícil. Gratos também a João Paulo Mendonça, Dudu Caribé, Sergio Nacife, Gastão Villeroy, e ao Kim Pereira, vocês foram demais. Tato Corbet e Cuca Lima, muito bom contar com vocês.



Mas acima de tudo um grande abraço e a nossa gratidão ao Serginho Groisman, Patrícia Rosselli, Rita Almeida Pinto, Danielle Costa, Cidinha, a toda equipe técnica e a produção do Altas Horas.



sexta-feira, outubro 01, 2004

ALTAS HORAS está chegando, lá lá lá...

Pra Luciana ver que eu posso sim postar aqui as fotos do multiply. Até as que, como esta, não estão abertas ao público em isnard.multiply.com.
Sorry darling, :) hehehe...


O sorriso predileto da Lu e PR, 20 anos depois.