terça-feira, agosto 03, 2004

Eu ia comentar o show. Mas daí li o que a Leïlah Accioly escreveu na comunidade ZERO ABSØLUTØ do Orkut e surrupiei.

Formosa noite na maturidade.
Por Le�lah Accioly

Avenida Club, domingo, 25 de julho. Frio seco estapeando as fuças, gotiquinhos mirins exibindo suas línguas furadas em beijos escandalosos a três e batendo fotos de suas proezas na primeira fila, ecos de Depeche Mode e algumas panças, tábuas há duas décadas, sacolejando sorrindo. O Violeta de Outono tinha nos deixado abandonados numa tempestade de slides, florestas multicores movendo-se como enigmas, dinâmica e psicodelia. E era só um trio. Cantaram glória e memória. Após o intervalo com DJ na escura boate-com-palco, entra o Zero. O avatar desta comunidade estendido em bandeira ao fundo. Guilherme Isnard traja couro preto, jaqueta e calça e uma camiseta cheia de inscrições em vermelho metalizado. O vocalista dança escorregadio, ilustra versos com gestos em perfeita sincronia, faz movimentos reptilianos. E canta como se todas as suas veias fossem explodir e com elas explodem melodias e verdades pra vida inteira sobre amor, redenção, ressurreição e busca. Eis um homem apaixonado pelo que faz e que domina sua arte. A banda é vigorosa, as novas canções sensuais e emocionadas. Confesso que senti falta do teclado e achei o baixo um tanto acid-jazz, um pouco grooveado demais. Lá pela terceira música, Guilherme avisa que não vão tocar nada dos anos 80 "porque os 80 ficaram lá pra três". A platéia urra incrédula e indignada, ele abre um sorriso, come�a "Quimeras". Um coro a plenos pulmões amplifica o refrão. Em "Formosa", Guilherme aponta o microfone para os fãs, uma mulher desacompanhada se abraçaa enquanto entoa "qualquer corpo passa a ser o seu". Hipnose coletiva. Covers sentidíssimas de "Carta aos Missionários" do Uns e Outros (Guilherme comenta sobre Bush ao introduzí-la) e "Pros Que Estão em Casa" do Hojerizah. Deixo o Avenida ao som de "Agora Eu Sei", a inf�ncia de Betamax no Rio de Janeiro me cumprimenta na n�voa ainda estrangeira do lugar ao qual as dúvidas existenciais do Zero pertencem. Infelizmente, n�o fico para conferir "Heróis" e "100% Paixão" com Fábio Golfetti na guitarra.

Amiga, nem te pedi licença, nem te paguei royalties, me perdoa?
� que eu achei muito lindo e que todo mundo merecia ler.

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