quarta-feira, fevereiro 01, 2006

RX de uma canção - GRAVIDADE ZERO

Atendendo a pedidos, hoje é a vez de “Gravidade Zero”.

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Eu cheguei a cogitar o nome dessa canção como título do álbum, mas como as bandas de hoje são um show de criatividade achei melhor não.


O que tem de Zero isso e aquilo Zero por aí, não tá no gibi. Sem falar naqueles que chupam até a minha grafia com o "Ø" (indicativo de zero absoluto) cortado.

Eu criei essa marca em 1983, e resolvi usar um símbolo matemático no lugar da letra "O" pra evitar as piadinhas do tipo "zero a esquerda".

A maioria desses guris nem eram nascidos, mas acham normal me chupar. Melhor encarar como uma forma de homenagem.

Alem disso, decidi batizá-lo de “Quinto Elemento” tão lá atrás, pelas razões que a maioria de vocês conhecem, que optei pela permanência da antiga escolha.

A principal delas é o fato de acreditar que o fundo de todas as questões que afligem o ser humano individualmente e a humanidade em sua totalidade tem origem no amor ou na falta deste. Uma outra é que a capa foi maravilhosamente concebida em torno do tema. Isso posto, vamos “traduzir” mais essa letra.

Quando constatei, após o fim do ZERØ, que tentando ganhar a vida de uma maneira ortodoxa eu tinha encontrado não só mil maneiras de sobreviver, mas ao mesmo tempo, mil maneiras de ser infeliz, que decidi que não importava o preço, o que eu tinha mesmo que fazer de melhor por mim era continuar perseguindo o sonho.

Isso foi em 1997 e a primeira coisa que eu fiz, depois de abandonar os palcos, a carreira e o sonho por longos cinco anos, foi voltar a cantar profissionalmente. Não demorou e em 1999 a volta do ZERØ foi exigida. Gravamos o “Electro Acústico” em 2000 e não paramos mais. Todo esse processo culmina agora, 19 anos depois, no tão aguardado primeiro CD de inéditas desde o “Carne Humana”.

Acontece que quando eu fiz a opção de voltar a perseguir o meu sonho eu sabia bem que estava abandonando o conforto e a segurança do mundo do “ter” para embarcar numa nau aparentemente insensata rumo ao universo do “ser”. Isso quer dizer que em vários momentos desse acidentado percurso me senti flutuando no desconhecido, ao sabor dos ventos e da corrente (quando estes existem), ou simplesmente pairando sem peso no limbo anti-gravitacional da zona fantasma. Mas não é aí mesmo, no imponderável, que o Divino se manifesta?

No início foi desesperador. Terminar o mês sem saber se teria “caixa” pras despesas do seguinte pira qualquer cabeção. A primeira coisa que aprendi quando me tornei um “novo pobre” foi com a quantidade de coisas supérfluas que eu gastava o meu dinheiro. O mais legal desse aprendizado é que ele é pra sempre. Eu sou hoje um habitante muito menos predatório desse planeta. Faço manutenção, minhas coisas duram anos e as novidades e lançamentos comerciais simplesmente não me seduzem.

O que me deu forças pra enfrentar as primeiras privações foi a fé e o equilíbrio interior. Uma verdade que eu aprendi lá atrás, quando escrevi “Quimeras”, mas que não custa relembrar: Sit vis nobiscum!

Gravidade Zero
© 2006 - Guilherme Isnard & Yan França (BMG Publishing)

Eu já não sinto mais
O chão sob os meus pés
Me falta a gravidade
E o medo eu conheci
Não me reconheci

Saí pela cidade
Sem saber pra onde ir
Mas a felicidade
Não saiu daqui
Sempre esteve aqui

Nos momentos tão serenos
No silêncio interior
Nossos medos são pequenos
Tão menor é a nossa dor

Que é impossível não sentir
É impensável resistir
É improvável que eu não seja como sou

Indecifrável pra você
O indefinível sabe ser
Inabalável a minha fé e o meu amor

A minha fé e o meu amor

Minha fé e o meu amor

Agora eu sinto o chão
Já sei qual é o porto
Lá fora a solidão
E aqui o meu conforto
No meu corpo

Venci a escuridão
Cruzei o meu deserto
Segui meu coração
Que sempre esteve certo
Ou muito perto

Na gravidade zero
Hiato de tempo e lugar
Quando eu quase desespero
Só preciso me lembrar

Que é impossível não sentir
É impensável resistir
É improvável que eu não seja como sou

Indecifrável pra você
O indefinível sabe ser
Inabalável a minha fé e o meu amor

A minha fé e o meu amor

Minha fé e o meu amor

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