segunda-feira, janeiro 30, 2006

RX de uma canção - CENTÚRIAS

Chegou a hora de “Centúrias”.

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Essa é mais uma música em parceria com Fred Nascimento, originalmente composta pro CD solo dele em 1993, antes do “Tantra”. Como o CD solo acabou não saindo e ela não entrou no do Tantra, eu resolvi me apropriar da canção e desde então ela faz parte do repertório do ZERØ.

Chegamos a gravá-la pra constar no “Electro Acústico” (a versão está disponível no site em: “Entrar no site” > “Banda” > “Áudio ZERØ” - a esquerda embaixo da foto) produzida por JPMendonça em 2000, mas acabou perdendo o lugar para “Mentiras”.
Esse registro tem um solo magistral de Sérgio Serra, tão bacana que me faz pensar muito seriamente se eu vou regravá-la ou se a edito no “Quinto Elemento” tal como está.

Ela ganhou seu título pelo tom profético da letra e porque se configurou em quadras como as Centúrias de Michael de Notre Dame, o popular Nostradamus. Quando escrevi a letra eu não sabia o que sei hoje sobre a quarta dimensão e a consciência réptil e fiquei surpreso quando percebi que esse conhecimento se manifestava precoce e inconscientemente nessa canção.

Quem narra é o tempo, o fóssil vivo, o anjo profano. Ele avisa que não temos o tanto (de tempo) que pensamos. Ele tudo viu e tudo vê sobre o passado, presente e futuro, mas nada pode fazer a não ser lembrar que do jeito que vai, vai muito, muito mal.


Todos que a escutam me perguntam o que eu quero dizer com "O réptil anda atrás". Os répteis foram os primeiros habitantes da face seca da terra. Surgiram ao final do Pensilvaniano, no período Carbonífero da era Paleozóica, há estimados 320 milhões de anos. Abundaram no planeta por toda a era Mesosóica e foram extintos no período Cretáceo há uns 144 milhões de anos atrás. Ou seja, os lagartos crescidos com cérebro proporcionais ao tamanho de uma noz reinaram absolutos na terra por uns bons 160 milhões de anos. Podemos dizer que deles “evoluímos”?

Estamos por aqui há apenas 2 milhões de anos (surgimento do Homo sapiens/Homo erectus na cronologia mais usada) ou há 5 milhões de anos como apontam descobertas arqueológicas mais recentes. Nos reputamos o ápice da cadeia evolutiva, os seres mais inteligentes do planeta, mas quase acabamos com ele e pelo andar da carruagem, depois de termos eliminado muito de seus recursos naturais e de sua bio-diversidade, estamos caminhando aceleradamente pra nos auto-extinguirmos.

Se inteligência pode ser medida pelo sucesso de uma espécie, estamos muitas dezenas de milhões de anos distantes de podermos considerar-nos inteligentes.

Well... Findo o “Guilherme Isnard também é cultura”, essa canção é um alerta de que se não modificarmos a nossa visão sobre a natureza, a vida e o universo, estamos sob a ameaça de retornarmos ao nível da consciência réptil ou ainda de sermos extintos como eles.

CENTÚRIAS
© 2006 - Guilherme Isnard & Fred Nascimento (BMG Publishing)

Ando no escuro
Vejo o futuro
Sou celacanto
No fundo do mar

Anjo profano
Sono profundo
Falta um segundo
Pro mundo acabar

Confio no pai
Confio na mãe
Confio no espírito
Santo também

Confio no filho
Confio na luz
Confio nas trevas
Confio em ninguém...

A sangue-frio se inventa a bomba “H”
Mais violência em nome da paz
Sou do futuro e vim pra te avisar
Que o réptil anda atrás

Vivo no escuro
Na sombra do mundo
Anjo caído
No fundo do mar

Vejo o futuro
De cima do muro
Falta um segundo
Pro mundo acabar

A sangue-frio se inventa a bomba “H”
Mais violência em nome da paz
Sou do futuro e vim pra te avisar
Que o réptil anda atrás

Eu não sou Jesus
Esqueçam de mim
Me deixem que eu vou dormir em paz

Eu não sou Jesus
Me tirem da cruz
Eu juro que nunca vou voltar

Eu nunca vou voltar
O réptil anda atrás.


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